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Foto: Kamran Aydnov
Tem coisas que a gente tenta, tenta, tenta e não consegue consertar. Tenho um conjunto de pratos azuis que adoro e comprei antes mesmo de morar sozinha. São lindos, de cerâmica manufaturada. É um azul que não é marinho, mas é escuro. Não sei descrever. Os rasos são retos, quase sem bordas.
O fabricante dizia que podia ir ao micro-ondas. E assim fui usando meus pratos. Até que um deles rachou e descobri que eles não podiam ir ao micro-ondas.
Primeiro, fiquei com raiva: como o fabricante pode me enganar assim? Depois, fiquei triste e resolvi colar as partes só para não ter de colocá-los no lixo. Afinal, estava tão acostumada a eles.
Aí, quebrou mais um. E um terceiro. E eu fui colando e guardando. Mas acabou que continuei usando os pratos. A cola funcionou, mas toda vez que eu os lavava, passava a mão e sentia a fissura. Nunca mais eles ficariam do mesmo jeito.
O tempo foi passando, e não me animei a trocar os pratos ou a simplesmente me livrar deles. Continuo sentindo as rachaduras coladas e pensando que a qualquer momento eles podem se quebrar novamente. Acho que me acostumei com aquele azul forte, vivo. Mas eles nunca mais serão os pratos lindos de cerâmica manufaturada.
Sempre que passo por alguma loja de utilidades, fico admirando os conjuntos de pratos e pensando em comprá-los. Já segurei alguns, são mais leves, mais fáceis de lavar, mais resistentes. Mas ainda não consegui trocar meus lindos azuis de cerâmica manufaturada.
Mas que bobagem! Não sei por que estou contando esta história.
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